1) Para além do importante papel e enorme relevância social e económica que as chamadas “sociedades cooperativas de fomento imobiliário” já anteriormente representavam, é com as transformações ocorridas em Portugal a partir de 1974 e, marcadamente, com a legislação de enquadramento e regulação logo publicada em Dezembro desse mesmo ano, que as Cooperativas, a partir daí designadas “de habitação económica”, iniciam um claro e progressivo processo de constituição e desenvolvimento, que coloca o sector num dos mais dinâmicos movimentos populares de economia social, em face do seu reconhecido mérito e visível notoriedade.
2) As graves carências habitacionais que então persistiam e a quase absoluta ausência de respostas minimamente adequadas para amplas franjas populacionais, são, a par dos primeiros passos dados com sucesso pelo primeiro núcleo de cooperativas nascidas neste período, as causas e o motor fundamental da progressiva importância do sector e sua progressiva notoriedade e credibilização no seio das comunidades abrangidas e da sociedade em geral.
3) E isto, a par do fundamental e decisivo apoio prestado nesta fase pelo Estado através do então FFH, e também pelo surgimento e arranque, em 1977, do Poder Local Democrático, o qual se revelou fundamental na promoção e desenvolvimento das virtualidades do sector.
4) Como resultado, constituíram-se no País mais de 500 Cooperativas da base do ramo habitacional, mais de 100 destas agruparam-se posteriormente em importantes estruturas locais e regionais de organização e promoção comuns, beneficiando assim de enormes ganhos de escala na sua ação, representatividade e sustentabilidade.
5) Nas décadas de 80 e 90, nos anos de maior produção, calcula-se que tenha sido atingido o volume de produção de 8000 fogos/ano, e estima-se que o sector tenha edificado até agora, no seu conjunto, perto de 200.000 habitações, servindo com alojamento de iniciativa cooperativa cerca de 6% da população residente (600.000 pessoas).
6) E neste processo de economia social não se construíram apenas habitações. De uma forma geral, pelo menos nos projetos de empreendimentos com dimensão e escala adequados, foram inúmeros, diversificados e bem qualificados os equipamentos sociais produzidos e postos em funcionamento peças Cooperativas ao serviço dos abrangidos, estes não apenas na lógica de servir unicamente os seus membros mas também a comunidade no seu todo, em áreas tão significativas e específicas que vão desde a infância aos mais idosos, do apoio social á educação, cultura, desporto até ao recreio e lazer.
7) Também na gestão do parque por si edificado e na própria administração de condomínios, as Cooperativas desenvolveram neste percurso uma progressiva afirmação de todo o seu potencial e especificidade próprias no campo da habitação, embora se lamente o facto de o sector não ter conseguido gerar, em todo este período, o necessário eco da sua importante missão de interesse social e económico nas importantes tarefas da reabilitação urbana e da promoção para arrendamento, para que outras missões pudessem ter sido confiadas ao sector, como foi insistentemente reclamado.
8) A FENACHE, fundada em 1980, desempenhou sempre o importante papel formador, aglutinador e potenciador do desenvolvimento do sector e das melhores práticas de gestão e de inovação dos projetos habitacionais cooperativos e, bem assim, a representação do ramo junto das competentes instâncias nacionais e internacionais.
A FENACHE como membro do Conselho Nacional de Habitação e de alguns dos principais Conselhos Municipais de Habitação, tem participado ativamente na criação de novos modelos de atuação e oportunidades para o fomento e valorização do papel das Cooperativas de Habitação na promoção de habitação cooperativa para os seus membros e para a comunidade.