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A experiência alcançada pelo movimento cooperativo habitacional (MCH) no domínio do alojamento condigno a custos acessíveis de segmentos populacionais de baixos recursos, predominantemente jovens e em fase de início de vida tornou-se uma sólida evidencia no seio das nossas comunidades.

Na verdade, foram perto de 200.000 casas e diferenciados equipamentos residenciais que durante cerca de 40 anos credibilizaram o trabalho das cooperativas de habitação, beneficiando eficientemente quem por elas foi abrangido e por elas servido.

Foi sem dúvida um trabalho muito meritório que teve o seu início nos anos imediatos á Revolução dos Cravos e progressivamente se desenvolveu de norte a sul e ilhas, cobrindo praticamente todas as regiões e concelhos onde o associativismo cooperativo teve quem por ele lutasse.

A história do setor conta-nos muito bem como foi este belo período pós-revolução de abril-74 e os resultados das boas práticas seguidas bem justificam a nossa satisfação e enorme orgulho pelo caminho trilhado.

Estamos agora, á porta dos anos 20 do milénio 21, despertados por novas ideias e a braços com uma nova etapa de vida para um novo folego do setor, influenciados que somos por um olhar atento para as realidades que nos rodeiam e necessidades efetivas de certos públicos alvo, particularmente os seniores que crescem em catadupa.  

Com efeito, a necessidade, cada vez mais premente, de que passem a ser encontradas soluções habitacionais e de vida mais e melhor adaptadas a públicos sénior, é hoje ponto fundamental de uma nova geração de políticas habitacionais, em face da evolução demográfica e suas incidências gerais.

A designada “habitação colaborativa”, e as especificidades e nuances que podemos idealizar em torno do tema numa busca orientada para o encontro de soluções de habitação e serviços adaptados ás  necessidades de todos e de cada um - sejam elas de natureza “geracional” ou “intergeracional” -  é na verdade um caminho que se nos afigura dever futuramente trilhar e no qual já temos algumas ideias em desenvolvimento e até projetos piloto a germinar.

Em face da normal evolução das suas condições de saúde física e mental, da necessidade de muitos em passar da sua “habitação tradicional” para uma nova solução calibrada a melhor responder às necessidades e especificidades concretas de qualidade e condições de vida, é por certo um tema e problema em que já vivem e viverão cada vez mais muitos dos nossos seniores.

Em concreto, no caso da população residente em cooperativas, é certo que muitos dos que de há quarenta anos para cá foram servidos de habitação nos empreendimentos cooperativos poderão, já nos dias de hoje, estar, ou virão a precisar, de solução habitacional melhor adaptada às características e condições de uma nova fase de vida.

A recente aprovação na Assembleia da República de uma “Lei de Bases da Habitação” e a consideração no seu articulado desta nova especificidade habitacional colaborativa julgamos possa sustentar, a par de um conjunto de novos instrumentos legislativos focados em novas modalidades de acesso e de incentivo ao alojamento, a ideia de que possamos vir a ter, em breve, as cooperativas a poder trilhar novos caminhos pela habitação.

Se tais medidas de enquadramento legal e de orientação futura do setor, com vontade e capacidade política para as desenvolver e sustentar em prol do direito constitucional ao alojamento condigno a que todos têm direito vieram a ter efetivo eco na sociedade, por certo que voltaremos a ter a FENACHE e o MCH na linha da frente do setor não lucrativo da habitação.

Julho de 2019

Guilherme Vilaverde

Presidente da Direção